quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lançamento do livro livro “O Censo de 1906 do Rio de Janeiro”

Instituto Pereira Passos lança nesta quinta-feira o livro “O Censo de 1906 do Rio de Janeiro”. A data é simbólica, pois o trata do 177 º aniversário de Francisco Pereira Passos, ex-prefeito do Rio.

Pereira Passos foi um dos principais precursores deste registro histórico da cidade do Rio e para tanto, convidamos à leitura do release para a melhor compreensão do tema.

IPP transforma Censo de 1906 do Rio em livro
A partir desta quinta-feira ficará disponível para venda na livraria do Instituto Pereira Passos o livro sobre “O Censo de 1906 do Rio de Janeiro”. A escolha do dia 29 de agosto é simbólica, pois, esta é justamente a data que Francisco Pereira Passos, ex-prefeito do Rio de Janeiro e criador da iniciativa para o Censo, completaria 177 anos. O recenseamento foi desenvolvido exclusivamente para a cidade do Rio e conta com duas partes. Uma introdução escrita por Nelson Senra, professor do programa de mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE, e a reprodução na íntegra da edição original do registro início do século XX.

Na leitura é possível ver que o Censo de 1906 revelou diversas curiosidades da cidade do Rio, como, por exemplo, a quantidade de habitantes na capital brasileira: 811.443. No trabalho de recenseamento também foram levantados dados como sexo, idade, estado civil, nacionalidade, profissão e nível de instrução, algo que Fernando Cavallieri, assessor especial da presidência do IPP classificou como avançado para uma estatística realizada no começo do século XX. As fichas deveriam ser recebidas, preenchidas e depois assinadas e entregues para o governo. “Segundo o registro histórico, estima-se que cerca de 50% dos cariocas não sabiam ler e escrever. Isso era um reflexo do que era o Brasil naquela época, pois o Rio era a maior cidade do país, explica.

Segundo Senra, era antiga a ideia de tornar público o livro com os dados do Censo de 1906 para um maior número de pesquisadores possível. O primeiro contato com esse volume, de acordo com o pesquisador, foi quando ele e sua equipe buscavam documentos para o segundo dos quatro livros da coleção “História das Estatísticas Brasileiras” que organizou para o IBGE. “Essa publicação cobre basicamente a Primeira República, e entre vários assuntos nele contidos era preciso abordar a história censitária. Foi então que encontramos, seguindo várias pistas, o Censo de 1906. Ele é da maior importância nessa história censitária brasileira, e não apenas pelos números que oferece, mas em especial pelo processo de pesquisa adotado”, comenta.

Outro aspecto relevante é que na época havia casos em que informações pessoais - como nome, com que vivia ou estado de saúde - foram publicadas, algo impraticável atualmente. Considerado pelos autor como um tesouro para quem se interessa pela sócio-história da atividade estatística e para aqueles que gostam de história em geral, o livro reserva mais algumas curiosidades:

Brasil x Argentina
No Censo de 1906 há uma comparação constante com a cidade de Buenos Aires, na Argentina. “Tudo isso é muito ligado à riqueza que a capital argentina, bem como o país portenho nos meados do século XX. Portanto a cidade era uma referência e desde antes àquela época havia sim uma competição, uma vez que Buenos Aires tinha um dos maiores portos da América Latina e o Rio também”, explica Fernando Cavallieri.

Resistência popular
A população se sentiu intimidada e tinha dificuldade de entender qual era o real motivo de se produzir tais dados estatísticos. Segundo o autor Nelson Senra, o povo achava que revelar informações aos poderes públicos era um risco, abrindo oportunidades para a convocação para o serviço militar (então não obrigatório) ou que pudessem ser tributados especialmente. "Por não terem as suas propriedades devidamente registradas, havia muitos outros temores. As pessoas entendiam a situação como uma espécie de violação da intimidade. Nesse contexto a propaganda de divulgação era um esforço absolutamente fundamental, e a do Censo de 1906 foi intensa e variada", diz.

Os centenários
Senra conta também que muitos dos que declararam ter mais de 100 anos (182 contabilizados), provavelmente não tinham essa idade. Muitos se diziam portadores de idades improváveis, algo já conhecido pelos técnicos, que sofriam com a ausência de registros formais de comprovação. "Portanto, se levarmos a sério o que era falado pelos idosos ao Censo de 1906, seria possível dizer que nesse período os cidadãos do Rio de Janeiro levavam uma vida muito longeva, o que não é verdade. Com o passar dos anos a cidade evoluiu e expectativa de vida também".

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