quinta-feira, 5 de maio de 2016

FUNARTE LANÇA LIVRO TEATRO DUSE: O PRIMEIRO TEATRO-LABORATÓRIO DO BRASIL


Obra de Diego Molina mergulha no legado de Paschoal Carlos Magno, um dos maiores animadores culturais do país no século XX

Um palco pequeno, plateia de 100 lugares, sem bilheteria: um teatro em Santa Teresa, bairro boêmio carioca. Assim era, nos anos 1950, o Teatro Duse, o primeiro teatro-laboratório do Brasil, fruto da ousadia do escritor, diplomata, crítico, diretor, animador cultural e, acima de tudo, incentivador das artes e da cultura Paschoal Carlos Magno (1906-1980). Foi sobre esse projeto revelador de atores, autores, diretores e cenógrafos das artes cênicas que se debruçou o dramaturgo, diretor teatral, ator e professor Diego Molina para escrever Teatro Duse: o primeiro teatro-laboratório do Brasil, editado pela Fundação Nacional de Artes – Funarte,

Entre atuar, dirigir e lecionar, Diego Molina cursou mestrado na UniRio e mergulhou no legado de Paschoal Carlos Magno: um acervo inédito com mais de 25 mil documentos. Foram anos de trabalho – entre pesquisa, entrevistas, redação e revisão. O livro é resultado de uma dissertação de mestrado defendida no Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (CLA Unirio) em agosto de 2009, sob a orientação da Professora DraTania Brandão. Anos depois da conclusão da obra, para a sua publicação, o autor fez algumas pequenas modificações no texto – sobretudo atualizando as informações da pesquisa e tirando um pouco do academicismo do texto, para permitir uma leitura mais leve e prazerosa.

A obra parte do acervo pessoal de Paschoal Carlos Magno (Centro de documentação da Funarte), com foco principal no Teatro Duse, criado pelo fundador para ser um espaço de atuação e experimentação teatral – com destaque para a sua Escola de Arte Dramática. Diego Molina analisou também os espetáculos que compunham o Festival do Autor Novo e o diálogo sobre a questão da dramaturgia nacional da década de 1950. O livro é fruto da admiração do autor por Magno: “Ele não é muito conhecido hoje em dia. Morreu em 1980 e, de 1930 até sua morte, foi um dos principais nomes da cultura brasileira”.

O autor entrevistou personalidades ligadas às artes cênicas, caso da saudosa crítica teatral Bárbara Heliodora, e talentos revelados no Teatro Duse, como os atores Othon Bastos, Agildo Ribeiro e Maria Pompeu. Aliás, foram muitos artistas que surgiram ou passaram pelo Teatro Duse, a exemplo dos autores Antonio Callado, Rachel de Queiroz, Hermilo Borba Filho, Francisco Pereira da Silva e Aldo Cavet – que participaram doFestival do Autor – e dos atores Glauce Rocha, Tereza Raquel, Sebastião Vasconcelos, Consuelo Leandro e Joel Barcelos.

Construído na própria residência de Paschoal, o Teatro Duse foi batizado com esse nome em homenagem à reconhecida atriz italiana Eleonora Duse, admirada pelo agitador cultural. O autor de teatro e roteirista Bosco Brasil, que assina o prefácio do livro, explica a relação de Magno com a atriz: “Ouso chamar a própria Eleonora Duse em meu auxílio. Seu nome e de Paschoal Carlos Magno estarão inquebrantavelmente ligados para sempre em nossas mentes”. O dramaturgo lembra que os dois nunca se conheceram e que Paschoal nem sequer viu a artista no palco. Mas explica que a veneração do incitador das artes pela atriz era fervorosa e herdada pelo pai dele, um sensível italiano.

 Sobre o autor:

Diego Molina
Dramaturgo, roteirista, diretor, ator, professor e cenógrafo, Diego Molina é formado em Direção Teatral e Mestre em Teatro pela UniRio. Entre seus principais trabalhos como autor: Pequenos poderesOs Trabalhadores do mar (adaptação da obra de Victor Hugo), O Espião que nós amamos (com Bosco Brasil); Woody Allen não se encontraNinguém mais vai ser bonzinhoA menina do kung fuFabulamente; além de diversos esquetes escritos também para o coletivo Clube da Cena e para o site Drama Diário. É o criador do livro Cena impressa. Ganhou o Prêmio Shell 2012 na categoria especial, com a Cia. Alfândega 88, pela ocupação e revitalização do Teatro Serrador, no Rio de Janeiro. Foi indicado ao Prêmio Faz Diferença 2010 pelo trabalho em favor da inclusão, com o grupo Os Inclusos e Os Sisos. Dirigiu e/ou assinou a cenografia de espetáculos como: Radiofonias Brasileiras, musical de Bosco Brasil (direção); War, de Renata Mizrahi (direção e cenografia); Bette Davis e a máquina de Coca-Cola, de Jô Bilac e Renata Mizrahi (direção e cenário); Joaquim e as estrelas, de Renata Mizrahi (direção); Os Trabalhadores do mar (direção e cenário indicados ao Prêmio Questão de Crítica 2013); e Sarau das putas (cenário), direção de Ivan Sugahara.

Deu aulas de dramaturgia na Sociedade Brasileira de Autores – SBAT, na PUC-Rio, na Biblioteca Parque Estadual, no Teatro Serrador e em diversas unidades do SESC. Foi colaborador de Bosco Brasil em diversos projetos de televisão e cinema, com destaque para o longa-metragemFloresta profunda, e os especiais de fim de ano da Record Noite de arrepiar e Casamento blindado. Atualmente, é autor roteirista do programaZorra, da TV Globo, e jurado do Prêmio Zilka Salaberry de teatro infantil. Publicará, no segundo semestre, o segundo volume da coleção Cena Impressa – Teatro em parceria.

Serviço:
Lançamento do Livro Teatro Duse: o primeiro teatro-laboratório do Brasil, de Diego Molina 
Data: 17 de maio, terça-feira, às 19h
Local: Livraria da Travessa - Botafogo
R. Voluntários da Pátria, 97 - Botafogo, Rio de Janeiro – RJ

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