A exposição do artista dinamarquês
Jesper Dyrehauge (1966) faz sua primeira
individual no Brasil. Com curadoria da também dinamarquesa Aukje Lepoutre Ravn, a mostra terá 22
obras inéditas, das quais 12 pinturas produzidas no Rio de Janeiro
em residência de mais de um mês do artista, e dez fotografias.
Em um trabalho
singular, Jesper Dyrehauge usa cenouras como pincel, que aponta em formas
geométricas – círculos, triângulos, quadrados – e usa como carimbos na tela de
linho cru. “É um método para escapar das hierarquias e narrativas da pintura
tradicional, e que permite imprevistos e sutis padrões que emergem do trabalho”,
explica o artista.
“Ao
longo da última década Dyrehauge desenvolveu filosofia artística única, que
visa a desafiar a pintura tradicional. Por meio de nenhum outro instrumento de
medição, apenas os olhos, a memória visual e a técnica de aplicação repetitiva
quase mecânica, ele varia apenas ligeiramente a cor e a composição das telas,
mas permitindo que cada pintura emane um forte senso de individualidade”, diz a
curadora
Aukje
Lepoutre Ravn.
As pinturas estarão no grande espaço
térreo da galeria e serão penduradas com espaçamento assimétrico entre si. “O
alinhamento será de acordo com o seu centro, criando assim uma topografia
rítmica por toda a sala, uma vez que os olhos seguem as linhas horizontais que
dividem cada trabalho. As oscilações de cor e intensidade contribuem para esse
ritmo”, diz Jesper Dyrehauge. “Eu quero enfatizar
os pequenos detalhes e variações dos trabalhos. Todas as telas têm um tamanho
diferente, algumas com apenas alguns centímetros de diferença. As obras variam,
claro, na composição das cores e na proporção, mas, muitas vezes, essa variação
é bem pequena e direciona a atenção para um ritmo talvez mais lento de
percepção”, ressalta o artista.
Sobre
este ritmo que traz o conjunto de pinturas, o artista destaca: “Cada obra tem
uma composição diferente, dividida horizontalmente, criando uma sensação de
‘acima’ e ‘abaixo’. As marcas de tinta são feitas em cores brilhantes e também
suaves, transparecendo tanto blocos vibrantes quanto desbotados, dando a
sensação de assimetria, não só pelos diferentes tamanhos das telas, mas também
pela composição de cada uma delas”. “Cada pintura traz uma
sensação de tranquilidade e ordem dentro do campo de cor, ao mesmo tempo em que
justapõe a constante relação flutuante entre o caos e a ordem, o equilíbrio e o
desequilibrio”, observa a curadora.
O artista vem utilizando
cenouras como pincel nos últimos dez anos. Ele iniciou o processo pintando com
batatas, mas percebeu que as cenouras davam o efeito que ele queria. “Eu não
chamo meus trabalhos de pintura. Prefiro chamar de telas ou trabalhos, pois
carimbar com uma cenoura é, de alguma forma, uma maneira de não pintar uma
pintura”, afirma.
ESCULTURAS FOTOGRÁFICAS
No terceiro andar da galeria estará uma série de dez
fotografias, medindo 45cm x 60cm cada, produzidas este ano. “As fotos pertencem
a uma
série contínua de esculturas fotográficas, em que utilizo pedras que encontro
em caminhadas por diferentes praias na Dinamarca”, explica. Cada pedra tem um
furo natural, formado pelo tempo, único na forma, com tamanhos que chegam a dez
centímetros de diâmetro. “Para a foto, cada pedra é posicionada no topo de uma
pequena elevação de plástico colorido, sobre uma folha de papelão, em frente a
uma outra folha de mesma cor. Desta
forma, a imagem cria um espaço de primeiro plano e plano de fundo, com a pedra
no centro. O furo em cada pedra – quando visto na frente do papelão colorido –
aparece como um ponto de cor. A série de fotos torna-se, assim, uma linha de
pontos coloridos, mais uma vez evocando uma topografia rítmica, uma vez que o
olho segue os pontos, e uma linha horizontal que apartemente divide cada imagem”,
explica o artista.
Jesper Dyrehauge esteve
no país por seis semanas em 2013 em uma pesquisa com a curadora Lotte Moeller,
que dirigia com ele o espaço alternativo Die Raum, em Berlim, a que esteve
ligado até meados do ano passado, em uma viagem apoiada pelo Conselho de Arte
da Dinamarca. “Desde então quis expor no Brasil”, conta, “e a oportunidade
surgiu quando conheci o artista Otavio Schipper, que fez a ponte com Anita
Schwartz”.
O
título da exposição é o símbolo “~”,
do latim, “que se refere a algo ‘ser similar’ ou ‘de mesma magnitude’ e, em inglês,
lê-se como ‘proximidade’”, explica a curadora. “Dyrehauge direciona nossa
atenção para o poder transformador do ato de repetição”, afirma.
Serviço:
“Jesper Dyrehauge – ~”
Exposição: 15 de abril a 21 de maio de 2016
Horário: 10h às 20h, de segunda a sexta, e das 12h às 18h, aos sábados
Entrada Franca
Local:Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio
Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro
Telefones: 21.2274.3873 e 2540.6446
galeria@anitaschwartz.com.br
www.anitaschwartz.com.br
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